sábado, 23 de fevereiro de 2013

A grama do vizinho é sempre mais verde

Caro amigo motociclista,

Ok, vamos admitir: o verdadeiro motociclista nunca deixa de admirar uma bela moto, em qualquer lugar que estiver. Bastou ouvir um ronco ou uma silhueta diferente do comum e os sentidos já ficam alertas. Mas o principal alvo de nossa admiração são as motos da vizinhança. São aquelas com as quais cruzamos com mais frequência, no dia-a-dia. Aquela pontinha de inveja (branca, da boa) quando chegamos na garagem e damos de cara com aquela bela motoca de algum vizinho. Ainda bem que não existe o Décimo-primeiro Mandamento: "Não cobiçarás a moto do próximo"!

Lembrei que lá pelos quinze anos de idade, naqueles tempos de rebeldia "easy rider" da minha gangue de Mobylettes e Garelis, conforme já publiquei outro dia (ver o post "E aí, como foi sua primeira vez?" http://conversademotociclista.blogspot.com.br/2013/02/e-ai-como-foi-sua-primeira-vez.html), conheci pela primeira vez essa sensação de "ah, se fosse minha..." . Nessa cidadezinha do interior do RS onde eu morava não existiam, obviamente, muitas motos de grande cilindrada. Ainda mais que estamos falando da década de 80, importações fechadas e por aí vai.

Naquele mar de motos como CG, ML, Turuna, RD, RDZ, DT, XL, XLX, destacava-se a beleza e o status da Honda CB 400 (e sua irmã mais nova, a CB 450). Para os mais novos, um pouquinho de história: a CB 400 começou a ser produzida em 1980. O motor de dois cilindros paralelos a quatro tempos, com refrigeração a ar e dois carburadores de 32 mm, tinha três válvulas por cilindro, duas para admissão e uma para escapamento. A potência de 40 cv a 9.500 rpm, deixava longe as pequenas motocas que povoavam nossas ruas. Com torque máximo de 3,2 m.kgf a 8.000 rpm, o desempenho atendia bem a qualquer necessidade: velocidade máxima próxima a 160 km/h e aceleração de 0 a 100 km/h em cerca de 7 s. Era macia e confortável como poucas, além de um som fantástico. Resumindo, a moto era o "bicho"!


Fonte: Google

Pois bem, voltando ao tema de hoje, um dos membros dessa "gangue" de ciclomotores chamava-se Marlon. Morava relativamente próximo e, seguidamente, a turma se reunia na casa dele para planejar os passeios do dia e bater papo. Mas o grande diferencial do Marlon estava na garagem: uma bela Honda CB 450 do seu pai. A moto ficava lá, intocável, como uma peça de museu, para nossa admiração. Não lembro exatamente o modelo, mas era relativamente nova. Vermelha, cheia de si, atiçando nossa imaginação. A chave devia estar em um cofre, pois nossas intenções com ela não eram as melhores (ou melhor, eram as melhores possíveis, pois moto foi feita para andar!).

Ficávamos discutindo o que faríamos se colocássemos as mãos naquela máquina: passeios, estrada, passar pela rua principal da cidade "tirando onda" com as meninas. Enfim, eram infinitas as possibilidades. Mas a moral da história é que eu nunca vi a moto ligada, sequer ouvi seu som na rua. A impressão que tenho é que ele a utilizava somente aos domingos (um pecado!).

Fonte: MercadoLivre

Alguns anos mais tarde, quando morava em Porto Alegre, houve a abertura das importações. Era início dos anos 90, época do governo Collor, que chamou nossos automóveis de "carroças". Rapidamente começamos a ver as primeiras esportivas nas ruas, mas havia uma que povoava meus sonhos: a Kawasaki Ninja 1100. Mas tinha que ser a preta, com aquela inscrição Ninja ao lado.

Para minha alegria ("Para nossa alegria..."?), eu tinha um vizinho de prédio que era revendedor autônomo de carros. Toda a semana chegava no prédio com algum carro novo, diferente. Até Mustang e Eclipse apareceram em alguns momentos. Mas o meu delírio foi quando ele chegou com uma Kawasaki 1100 na exata medida. Fiquei literalmente babando a moto. Para piorar, a vaga dele era ao lado do meu carro, na época um Escort bem usado. Felizmente consegui vê-lo saindo algumas vezes, só para curtir aquela música que saía dos escapamentos.

Fonte: MercadoLivre

Bom, essas foram algumas das experiências que vivi com as "motos do vizinho". Mais recentemente, aqui no Rio de Janeiro, morei em alguns condomínios onde a turma caprichava nas motos: Harley-Davidson V-Rod, Suzuki GSX-R 1000 preparada para corridas, BMW R1200 GS Adventure e por aí vai. Mas agora nosso mercado é outro, e conseguimos ver essas máquinas maravilhosas com alguma frequência. Ficou mais comum, mas não deixamos de admirar!

E você, por qual moto do vizinho se apaixonou?

Um abraço e boas estradas!

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Ronco da moto: música para os ouvidos!

Prezado amigo motociclista,

Sexta-feira passada, no final da tarde, estava voltando para casa após o trabalho, tranquilo e sereno em minha moto depois dessa semana curta, quando ouço uma música se aproximando. Claramente, reconheci o som maravilhoso de um motor "4 canecos" com um escapamento especial. Mas esse era realmente muito especial. No sinal parou ao meu lado uma MV Agusta Brutale 1090 com uma ponteira Arrow. Deixei o cara arrancar na frente só para apreciar e segui a curta distância, pois o trajeto era comum a ambos. Loucura, loucura! Amostrinha abaixo, direto do YouTube...



Essa foi minha motivação para esse texto. Desde criança sou fascinado pela diversidade maravilhosa de sons dos motores e escapamentos das motos. Claro que, na minha adolescência, frente ao limitado mercado motociclístico brasileiro, não existiam tantas opções assim. Mas sempre era possível ouvir alguma CB 750 Four remanescente ou outros elos perdidos dos anos 70, além de um som que considero um clássico até hoje: a CB 400/450. Realmente um som limpo e honesto que mexia com minha imaginação. Afinal, era um mundo povoado de CG´s, DT´s e XL´s, aquele motor dois cilindros tinha um som pra lá de especial. E quando o maluco ainda colocava um cano 2x1, sem nenhum tipo de redutor? Era aquele tal de acordar a vizinhança inteira nos domingos à tarde! Vejam do que estou falando abaixo.


Fonte: YouTube
Vale uma pequena menção honrosa ao sonzinho do motor 2T da Yamaha DT 180, com aquela ponteirinha fininha de alumínio: até que ficava bem legal. Depois vieram sons clássicos, como Honda CBX 750 F e Yamaha RD 350R, que incrivelmente eram concorrentes no Brasil (só aqui mesmo para uma 4 cilindros, 4 tempos e 750CC concorrer com uma 2 cilindros, 2 tempos e 350CC...).

Com o tempo, o mercado abriu-se e a diversidade de sons ampliou-se incrivelmente. O mercado de acessórios cresceu de forma exponencial e hoje temos uma infinidade de marcas nacionais e estrangeiras nesse mercado de ponteiras/escapamentos esportivos.

Um capítulo à parte sem dúvida é o mercado das motos Custom, pois como o próprio nome diz, tudo é customizável e no atributo escapamento a turma da customização não poupa esforços. Difícil cruzar na rua com uma Harley e ela não ter algum tipo de  escapamento especial que amplia seu som pra lá de clássico. Aquele conhecidíssimo som compassado dos dois cilindros é sinfonia para uma galera, conforme podemos ver abaixo.

Fonte: YouTube
Eu, particularmente, sou um grande fã do som dos motores 4 cilindros. Aquela harmonia e o ronco grave, equilibrado, mexem com a minha adrenalina. Difícil ficar indiferente quando uma esportiva de 1000cc passa ao lado, com aquela ponteira "básica" em fibra de carbono ou titânio. O som emana potência e velocidade, muito bacana. Para mim, a verdadeira sinfonia.

Enfim, esse tema do ronco da motocicleta daria uma boa tese de Mestrado, tantas são as opiniões e gostos. Entendo que é um dos atributos mais típicos de uma motocicleta e um sintoma clássico dos apaixonados por esse veículo. Que diga meu filho caçula, que nem aprendeu a falar direito, mas já aprendeu a reconhecer um belo som de moto passando na rua. Basta cruzar uma moto próxima e ele já levanta o dedo indicador e grita "bah!, bah!" (bah! é nome que ele deu para as motos, mas essa é outra história).

Bom, para encerrar, uma pequena lista de algumas motos com sons incríveis (bom, na minha opinião e sem nenhum tipo de ordem):

  • Suzuki Bandit 1200/1250 (a 1200, carburada, tem um som incrível)
  • CB 400/450
  • BMW K1600 GT (6 cilindros, dispensa comentários)
  • MV Agusta (todas, F4, Brutale, etc... Parece ser uma especialidade da fábrica italiana)
  • Yamaha R1 com escape esportivo
  • BMW R1200 GS (som clássico do boxer)
  • Suzuki V-Strom (em homenagem a minha esposa, que gostava muito desse 2 cilindros grave e compassado)
  • Honda CB 750 Four (o "sete galo" dispensa comentários. Se for um 4x1 então, nossa...)
  • E por aí vai...

E aí, qual moto você acrescentaria a essa lista?

Um abraço e boas estradas!



Fonte: Google

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

E aí, como foi sua primeira vez?

Caro amigo motociclista,

Em meio a essa polêmica sobre a campanha publicitária de uma marca de cerveja, perguntando a todo mundo sobre a tal "primeira vez" (meio apelativa, vá lá, mas até engraçada em alguns momentos), resolvi aproveitar a onda e perguntar: e aí, como foi sua primeira vez?

Claro que estamos falando da primeira vez de moto. Ao contrário da "outra", essa primeira vez todo mundo gosta de compartilhar. Não conheci até hoje nenhum motociclista que não lembrasse exatamente qual foi a primeira moto na qual andou, com quantos anos, porque ele acabou andando e por aí vai. Na verdade, acho que é uma espécie de ritual de iniciação, uma contaminação inicial pelo vírus das duas rodas.

Todos têm uma boa história pra contar, seja pela emoção, seja pelo fato de ter sido engraçada ou algum erro que cometeu. Deixar a moto morrer por não soltar a embreagem no tempo certo ou mesmo um tombo leve tentando domar a fera fazem parte das primeiras tentativas. Até que vem o dia em que tudo dá certo e o vínculo está criado de vez.

Bom, para quebrar o gelo, a minha primeira vez foi com uma Caloi Mobylette, em 1987. Eu morava no interior do RS, em Santo Ângelo, e fazia um frio danado pela manhã. Meu pai tinha que levantar todo o dia para me levar, pois não havia ônibus ou van e a escola era bem longe (para os padrões de uma cidade pequena...). Talvez por pura preguiça ou comodidade (desculpa a sinceridade, pai!), ele resolveu me dar de presente de 15 anos a tal Mobylette. E colocou de vez o tal vírus na minha vida.

Aquilo foi um sonho. Eu ás vezes lia as revistas Duas Rodas ou Motoshow, já curtia alguns modelos de moto. Época de CG´s, DT´s e XL´s da vida, pouquíssimas opções no mercado. O melhor de tudo para mim era ler as reportagens da revista Motoshow sobre o Paris-Dakar. Que fotos fantásticas. Ah, porque eu não guardei aquelas revistas, seriam uma fonte inesgotável de lembranças agora.

Voltando ao tema, aquela Mobylette foi comprada em uma loja que vendia eletrodomésticos também (!!). Mas era muito valente e foi minha companheira por quase três anos. Eu e mais dois amigos que também tinham ciclomotores na época (acho que eram ciclomotores da Monark) formamos uma espécie de gangue que saía pela cidade "tirando onda" e até viagens curtas a cidades próximas nós fizemos. Acredite se quiser, a 60 km/h, no talo. Isso quando não fazíamos motocross com as coitadas, em uma pista de bicicross da cidade. Pode-se falar tudo daquelas motocas, menos de sua valentia! E de brinde a gente ganhava aquele maravilhoso cheirinho de óleo 2T, o dia inteiro impregnado na roupa.

Fui me desfazer da motoca quando já morava em Brasília, e o seu limite de velocidade (e o meu tamanho) a tornavam impraticável e totalmente insegura. Aliás, foi lá que tomei meu primeiro grande tombo, em um dia de chuva, passando pelo Parque da Cidade. Uma freada mais forte na traseira, pneu travado e chão. Saí deslizando e parei a 1 metro do paralama de um Santana, o coração batendo muito forte. Saldo final foi uma dor na perna e na bunda que durou uma semana. Isso sem poder contar nada para minha mãe, sob risco de venda imediata da Mobylette. Ah, outro detalhe: nessa época, capacete pra que mesmo? Coitado do anjo da guarda...

Bom, são muito boas lembranças com a Mobylette. Claro que mantive alguns casos paralelos, andei em CGs e em uma fantástica ML 125, "alugada" de um conhecido. Mas isso é tema para outro dia.

E você, como foi sua primeira vez?

Fonte: Google


Um abraço e boas estradas!




segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Aquecendo o motor...

Caro amigo motociclista,

Resolvi criar esse blog para compartilhar, discutir e aprender sobre um tema que é bem mais que uma paixão em minha vida: o motociclismo. A ideia principal é ser um espaço aberto, sem preconceitos de qualquer natureza, sempre respeitando os limites individuais.

Poder fala livremente sobre tudo o que se refere ao mundo das duas rodas e o motociclismo em geral sempre foi uma vontade. Vejo ao meu redor muitas publicações (impressas ou na web), mas sinto que às vezes falta aquele espaço do motociclista comum, como eu, que tem a moto não apenas como um meio de transporte diário, mas também como um hobby. Não sou um expert, não entendo tanto assim de mecânica de motos, mas sou um curioso, ávido por novidades motociclísticas e um grande apreciador dessas obras de arte em duas rodas que andam por aí.

Aqui será o momento de mostrar motos de sonho, motos comuns, motos ruinzinhas, histórias engraçadas,  feiras de moto, falar sobre as loucuras que nos acontecem no dia-a-dia do trânsito e o que mais der vontade. O compartilhamento de algumas dicas de segurança também fará parte dessa história.

Quem sabe aos poucos começamos a mudar o conceito geral que existe sobre a motocicleta, começando por nós mesmos, os motociclistas, que muitas vezes nos comportamos como "motoqueiros". Os motoqueiros são aqueles seres mitológicos, bagunceiros, perigosos, incapazes de seguir uma regra de trânsito e o verdadeiro pesadelo dos pais e mães (quem nunca ouviu a frase "melhor vender essa moto, é tão perigoso..."?). Infelizmente, eles ainda são muitos em nossas cidades e, graças ao crescimento econômico do país, vêm aumentando a cada dia. Mas isso será papo para outro dia.

Gostaria de finalizar reforçando um ponto: para mim não existe moto pequena, média ou grande. Existe moto, e ponto final! Cada um vai saber do seu bolso, do seu gosto e da sua necessidade. Se o piloto gosta de sua moto, cuida da sua manutenção, respeita os outros e curte realmente o vento no rosto, então estamos falando de um motociclista de verdade, não importando a cilindrada da moto. Infelizmente no nosso meio existem muitos preconceitos dessa natureza, mas nossa cultura é assim mesmo. Somos preconceituosos, mesmo sendo um país tão cheio de diversidades. Olha eu puxando assunto para outra conversa...

Não sou fã dos pensamentos prontos, mas fica aí um que tem cara de conselho para motociclista, de verdade:
"Nós somos o que fazemos todo dia. Excelência, perfeição, então, são mais do que uma simples ação, são hábitos." Aristóteles - filósofo grego.


Um abraço a todos e boas estradas!

Fonte: Facebook